A dermatologia é a especialidade médica capacitada para prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças de pele, mucosas, cabelos e unhas.
É uma doença inflamatória crônica da unidade pilo sebácea, caracterizada por maior produção de sebo pelas glândulas sebáceas (originando a oleosidade), alteração da queratinização folicular (ocasionando os comedões ou cravos) e inflamação resultante da ação de bactérias que compõem a flora normal da pele, particularmente o Propionibacterium acnes, causando as pápulas e pústulas (espinhas). É uma afecção tão comum, principalmente na adolescência, que muitas vezes é considerada fisiológica. Mas, se não tratada, pode evoluir com cicatrizes. Tanto as espinhas quanto as cicatrizes podem trazer desconforto e repercussões psico-sociais. Assim, o tratamento da acne é importante para grande parte dos indivíduos.
A acne aparece na puberdade induzida pelo início da produção de hormônios. A maioria dos casos de acne se resolve espontaneamente na segunda década da vida. Mas há pessoas que continuam apresentando os sintomas durante a vida adulta. Nesses indivíduos, causas secundárias devem ser investigadas, como alterações hormonais, uso de produtos oleosos, uso de determinados medicamentos (como as vitaminas do complexo B, corticóides e anabolizantes) suplementos vitamínicos e proteicos, dentre outras. Há herança genética na fisiopatologia da acne; isto é, quando os pais têm antecedente de acne, os filhos apresentam maior chance de desenvolvê-la.
Recentemente, estudos tem atribuído papel etiológico a alguns alimentos em indivíduos geneticamente predispostos. O tratamento pode ser realizado por produtos de uso tópico ou oral, dependendo da intensidade do quadro. Alguns tratamentos melhoram a acne apenas durante seu uso, mas outros promovem melhora prolongada ou mesmo a cura. O dermatologista poderá avaliar qual é a melhor opção terapêutica para cada paciente.
Doença crônica que acomete predominantemente crianças. Caracteriza-se por surtos recorrentes de lesões eczematosas em regiões específicas da pele, além de prurido (coceira). Nos bebês, essas lesões localizam-se preferencialmente nas bochechas e dobras da pele. Em crianças mais velhas, as lesões acometem as regiões flexoras, como as dobras dos braços e dos joelhos e o pescoço.
As lesões podem se manifestar de várias formas: vermelhidão local, vesículas, crostas, descamação ou espessamento da pele. Esses pacientes apresentam, em muitos casos, asma ou rinite alérgica, sendo que 70% tem antecedentes familiares de atopia. A dermatite atópica tende a melhorar com o crescimento do indivíduo, sendo que, na maioria dos pacientes, a doença não continua na vida adulta. O principal fator desencadeante da dermatite é a xerose (ressecamento) da pele. Mas, também, o suor pode desencadear coceira e acredita-se que o stress possa desencadear ou agravar os surtos da doença.
Alguns cuidados são essenciais nesses indivíduos: Banhos rápidos com água morna, sabonetes neutros, evitar esponjas. Emolientes (cremes hidratantes), aplicados após o banho. Uso de roupas leves, preferencialmente de algodão, lavadas com sabões neutros. Evitar exposição a frio ou calor excessivos, stress. Medicamentos tópicos (como corticóides e imunomoduladores) e orais (como anti-histamínicos e antibióticos) são frequentemente necessários para controlar as crises. Em alguns casos, outras modalidades de tratamentos podem ser indicadas, como a fototerapia.
Algumas substâncias, quando em contato com a pele, podem causar um processo inflamatório denominado dermatite de contato. As lesões podem se manifestar de várias formas: prurido (coceira), vermelhidão, vesículas (pequenas bolhas), crostas (casquinhas), descamação ou espessamento da pele. A interação das substâncias com a pele pode ser de 2 tipos: irritativo ou alérgico. No primeiro caso, a própria substância tem ação irritativa, cáustica, e provocará a dermatite em qualquer pessoa, dependendo do grau e tempo de exposição.
O principal exemplo dessa manifestação é a “dermatite nas mãos da dona de casa”, quando o contato repetitivo com sabões e outros produtos de limpeza leva a um processo inflamatório nas regiões onde ocorre o contato. Outro exemplo da dermatite de contato irritativa ocorre nos bebês. Quando as fraldas não são trocadas com frequência, o contato prolongado com a urina e as fezes causa irritação à pele.
Já a dermatite de contato alérgica ocorre quando o indivíduo desenvolve um mecanismo imunológico que tenta “combater” a substância em questão, que o organismo identifica como um agente agressor. Essa resposta imunológica fica armazenada em células de memória. Se houver um novo contato com o agente, o organismo ativa essa memória imunológica, desenvolvendo novamente a dermatite, mesmo que tenha se passado muito tempo desde a última exposição. São comuns os casos de dermatite de contato alérgica a bijuterias, botões e fivelas de cintos (níquel dos metais), perfumes, esmaltes e outros cosméticos, borracha, couro, cimento, látex, conservantes, dentre outros.
Geralmente, a anamnese e o exame físico são suficientes para o diagnóstico, uma vez que a localização da dermatite favorece a identificação da substância responsável pelo desencadeamento do processo. Porém, quando o agente não está claro, ou há suspeita de mais de um agente, pode ser realizado um exame denominado Teste de Contato. A avaliação clínica será fundamental para o diagnóstico e tratamento adequado das dermatites de contato.
Também conhecida como seborreia ou caspa, trata-se de uma afecção extremamente comum. Apresenta curso crônico, com períodos de piora e melhora. Acomete as regiões ricas em glândulas sebáceas e, eventualmente, áreas intertriginosas (dobras). Sua causa é desconhecida, mas sabe-se que há predisposição familiar. Identifica-se nas áreas afetadas um fungo, o Pityrosporum ovale, que pode ter papel etiológico.
São fatores predisponentes para o desenvolvimento ou piora da dermatite seborreica: calor, umidade, uso de roupas quentes, stress, ingestão de bebidas alcoólicas, HIV, doenças neurológicas. O quadro clínico se manifesta, em indivíduos adultos, com eritema (vermelhidão) e descamação no couro cabeludo, na face ou em outras áreas como região retro-auricular, tórax mediano, região pubiana e axilar.
Existe, ainda, uma forma do lactente, que surge logo nos primeiros meses de vida. Diagnóstico e tratamento adequados podem ser orientados pelo médico assistente.
Existem dois tipos de envelhecimento cutâneo: o intrínseco e o extrínseco. O envelhecimento intrínseco ocorre com o passar dos anos. Ele também é chamado de envelhecimento cronológico. O extrínseco decorre da interação dos fatores ambientais com a pele. Um dos fatores mais importantes que acelera o envelhecimento extrínseco é a exposição solar. A exposição solar tem efeito cumulativo: as manchas, as rugas e o câncer de pele podem surgir anos mais tarde.
Estudos revelam que a proteção ao sol na infância e adolescência reduz significativamente o risco de câncer de pele. Cerca de 80% de toda radiação solar que recebemos durante a vida se concentra nos primeiros 18 anos de idade, uma vez que a criança e o adolescente passam grande parte do dia ao ar livre. O aspecto da pele secundário ao envelhecimento varia dependendo da região acometida.
A pele do rosto pode se tornar seca, espessada, amarelada e opaca, com manchas escuras, poros dilatados e rugas. A pele do pescoço e do colo pode se tornar fina, com vasos dilatados, manchas claras e escuras, aspecto denominado poiquilodermia solar. Nos braços e nas mãos, são encontradas manchas escuras denominadas lentigos (melanoses) solares ou senis, pequenas manchas brancas arredondadas (leucodermia solar), manchas roxas que surgem após mínimos traumas (púrpura senil), além de lesões cicatriciais esbranquiçadas; sobre uma pele mais fina, com pouca elasticidade e seca. Inúmeros recursos terapêuticos podem ser utilizados para melhorar o aspecto da pele envelhecida.
Protetores solares, hidratantes, cosméticos e medicamentos contendo ácidos e outras substâncias que estimulam a produção de colágeno devem ser empregados. Além do tratamento tópico, alguns procedimentos podem estar indicados, como os peelings, o laser, aplicações de toxina botulínica e preenchedores. O dermatologista poderá indicar o melhor tratamento para cada paciente.
São lesões decorrentes de alterações das fibras elásticas da pele que ocorrem por sua distensão exagerada. Podem ocorrer na adolescência, secundárias ao crescimento e ao longo da vida, em consequência, por exemplo, da obesidade, de uma gestação ou, ainda, ganho de massa muscular em curto período de tempo. Pacientes que usaram corticóides em altas doses ou durante períodos prolongados também podem desenvolver estrias.
Clinicamente são observadas lesões atróficas lineares, paralelas, que inicialmente podem ser avermelhadas ou violáceas e evoluem posteriormente para tonalidade esbranquiçada. O tratamento tem como objetivo melhorar o aspecto estético das lesões, estimulando a produção de colágeno na região. Várias técnicas podem ser empregadas, como o uso de ácidos, peelings e laser. A retirada dos fatores desencadeantes, como o controle do peso, e uso de hidratantes apropriados contribuem para prevenir a formação de novas estrias.
Infecção causada pelo vírus herpes simples. Geralmente o contato com o vírus ocorre ainda na infância, mas na maioria das vezes a primo-infecção é assintomática. Cerca de 90% dos indivíduos tem sorologia positiva para o vírus do herpes. Após o contato, o vírus se instala em um nervo e permanece em latência no organismo. Em indivíduos predispostos, pode ocorrer reativação.
As regiões mais acometidas pelo herpes simples são os lábios e a região genital, mas o vírus pode acometer qualquer região do corpo. O paciente inicialmente sente ardência ou coceira no local onde ocorrerão as lesões. Depois surgem bolhas agrupadas sobre uma base inchada e avermelhada. As bolhas se rompem e formam crostas, que caem em alguns dias.
São fatores desencadeantes para a reativação do vírus: exposição ao sol, doenças que abaixem a imunidade, stress físico ou emocional, dentre outras. Não se sabe por que alguns indivíduos apresentam as reativações e outros não. O paciente que apresenta reativações frequentes deve ser avaliado por um médico, podendo ser necessários exames para investigar seu estado imunológico. O tratamento será indicado dependendo da frequência e intensidade dessas reativações. O tratamento poderá abreviar os sintomas ou, ainda, objetivar a supressão das reativações.
Herpes Zoster (popularmente conhecido como “cobreiro”) é causado pelo vírus varicela zoster, o mesmo que causa a varicela ou catapora. O indivíduo que teve catapora permanece com o vírus latente nos gânglios dos seus nervos. Em determinadas situações, pode ocorrer reativação deste vírus, levando ao quadro do herpes zoster, que geralmente se inicia com dor ou sensação parestésica (formigamento, pontada, “pele sensível” ou queimação) na pele seguindo o trajeto do nervo afetado (inflamado).
Na evolução surgem lesões avermelhadas e elevadas na pele, que evoluem para bolhas. Em alguns dias essas lesões evoluem para crostas e podem deixar manchas e cicatrizes residuais. As manifestações limitam-se a um lado do corpo, por onde passa o nervo acometido. A dor pode ser muito intensa em alguns pacientes, necessitando de analgésicos potentes.
Em alguns casos (principalmente em indivíduos idosos) essa dor pode permanecer por meses após a resolução do quadro cutâneo, caracterizando a neuralgia pós-herpética. Os nervos mais atingidos são os intercostais (entre as costelas), provocando manifestações no tronco. Quando acomete nervos cranianos podem ocorrer sintomas referentes a eles, como lesões nos olhos e ouvido. Diante do diagnóstico de herpes zoster, é necessário realizar investigação clínica do paciente, pois o quadro pode ser indicativo de comprometimento imunológico, que por sua vez pode ser decorrente de uma doença ou mesmo por stress. O tratamento deve ser iniciado o quanto antes, para abreviar o quadro clínico e prevenir complicações, como a neuralgia pós-herpética.
Também conhecida como Hipomelanose Idiopática, trata-se de uma doença que acomete predominantemente indivíduos jovens, sendo mais comum em pessoas com fototipos elevados (pele mais escura). Não se sabe a causa, mas estudos recentes identificaram que o Propionibacterium acnes, uma bactéria relacionada com o surgimento da acne, pode contribuir para o desenvolvimento das manchas, interferindo na produção de melanina.
Clinicamente são observadas manchas mais claras (hipopigmentação, hipomelanose) no tronco. As lesões são frequentemente confundidas com pitiríase versicolor, que é uma micose (popularmente conhecida como “pano branco”). O tratamento pode ser realizado com medicamentos de uso tópico associados à exposição solar ou à fototerapia com UVB-narrow band, uma vez que a luz ultravioleta é o melhor estímulo para induzir à produção da melanina. A maioria dos pacientes responde satisfatoriamente ao tratamento, mas há necessidade de terapia de manutenção, pois a recidiva das manchas é frequente.
Também conhecidas como manchas senis, são manchas escuras que surgem ao longo dos anos nas regiões foto-expostas (face, colo, dorso das mãos e braços), sendo mais comuns em indivíduos de pele clara.
O tratamento, além da proteção solar, pode ser realizado de várias maneiras: peelings químicos, crioterapia, luz intensa pulsada e laser. O dermatologista poderá avaliar e indicar o melhor tratamento para cada paciente.
Também conhecido como cloasma, trata-se de uma doença caracterizada pelo surgimento de manchas acastanhadas em áreas foto-expostas, predominantemente no rosto. É mais frequente em mulheres do que em homens, estando associado à predisposição genética, exposição solar ao longo da vida e fatores hormonais, como uso de anticoncepcionais e gravidez. Para o seu tratamento é indispensável o uso regular de protetores solares, sendo melhores aqueles que protegem contra a luz visível também, por exemplo aqueles que contém pigmento cor de base. Substâncias anti-oxidantes, como o picnogenol e a luteína tem sido utilizados.
O uso de medicamentos e cosméticos despigmentantes podem melhorar o aspecto da mancha, que costuma recidivar quando o paciente volta a se expor à luz. Os peelings podem contribuir no clareamento do melasma. Já o uso de laser e luz intensa pulsada é controverso, pois podem ocasionar hiperpigmentação pós inflamatória, ou rebote, com piora do melasma. A grande novidade no tratamento do melasma é o Microagulhamento, que pode proporcionar resultados interessantes, inclusive em melasmas resistentes aos tratamentos convencionais.
Infelizmente, ainda não há um tratamento de cura para o melasma, que se trata de uma doença crônica e requer cuidados constantes. Além disso, apesar de todos os esforços terapêuticos, alguns pacientes podem não apresentar melhora das manchas. Cada paciente deve ser abordado de forma individualizada. O dermatologista poderá indicar a melhor alternativa terapêutica para cada paciente
As micoses superficiais são causadas por fungos e podem acometer a pele, os cabelos e as unhas. Dentre elas, destacam-se: Pitiríase versicolor Popularmente conhecida como “pano branco”, é causada pela Malassezia, fungo que habita normalmente a pele humana. Quando encontra condições favoráveis ao seu desenvolvimento (umidade e calor), causa lesões de coloração variável: hipocrômicas (mais claras do que a pele), avermelhadas ou acastanhadas, com fina descamação.
Essas lesões ocorrem predominantemente no tronco, mas podem acometer outras regiões, como a face. O tratamento pode ser feito com medicamentos tópicos ou orais. No entanto, em alguns indivíduos predispostos, a micose pode apresentar recidivas, necessitando de tratamento preventivo. Tinhas: As tinhas do corpo são micoses causadas pelos fungos dermatófitos. Eles causam lesões avermelhadas, descamativas e pruriginosas (que coçam). Costumam frequentemente acometer os pés (regiões entre os dedos, “pé de atleta”) e a região inguinal, que são locais de maior umidade; mas podem acometer qualquer região da pele. Em crianças, podem afetar o couro cabeludo, causando áreas de alopecia (perda de cabelos) com descamação.
O tratamento pode ser feito com medicamentos tópicos ou orais, dependendo de cada caso. Onicomicoses: São as micoses das unhas. O tratamento é feito com medicamentos tópicos ou orais. Exame micológico direto e cultura para fungos são importantes para diagnóstico correto, uma vez que outras doenças (como a psoríase ungueal) podem provocar alterações clínicas semelhantes às causadas pelos fungos.
Nevos melanocíticos são lesões planas ou elevadas, cuja coloração varia da cor da pele ao preto azulado. Essas lesões são constituídas por agrupamentos de melanócitos, as células que produzem a melanina, o pigmento que dá cor à pele. Na linguagem popular, os nevos são denominados pintas, sinais ou verrugas, de acordo com o seu aspecto.
Surgem após o nascimento e são encontrados na maioria dos adultos. Apresentam diversas características clínicas, desde manchas planas, ligeiramente salientes, verrucosas, pedunculadas ou em domos. Geralmente começam a surgir na infância, aumentando em número até a meia-idade, quando seu número tende a diminuir.
Habitualmente são uniformemente pigmentados. Sofrem alterações ao longo da vida do indivíduo. Inicialmente são máculas planas, de cor uniforme do marrom ao negro, que tendem a crescer lentamente, ao longo dos anos, em lateralidade. Depois disso, as células que compõem os nevos se aprofundam, resultando em lesões elevadas, papulosas. No estágio final de sua evolução, as células dos nevos se aprofundam ainda mais, perdendo a sua pigmentação, resultando em lesões elevadas ou pedunculadas, da cor da pele. A maioria dos nevos melanocíticos adquiridos não exige tratamento.
Na grande maioria dos casos, a excisão é realizada por motivos estéticos, porque a lesão está localizada em área sujeita a traumatismo crônico (por exemplo, na área da barba) ou em locais de difícil acompanhamento clínico das mudanças morfológicas evolutivas, como no couro cabeludo. Quando um nevo exibe algum sinal suspeito de transformação maligna, como assimetria no formato, bordas irregulares, cores diferentes na mesma lesão, crescimento expansivo, ulceração, sangramento ou inflamação, deverá ser examinado pelo médico dermatologista, que poderá indicar ou não a excisão da lesão para exame histopatológico (biópsia).
Atualmente, o exame de Dermatoscopia tem se mostrado uma arma valiosa na avaliação dos nevos e identificação de lesões suspeitas de câncer (melanoma), que necessitem de excisão cirúrgica. Estudos mostram que a Dermatoscopia aumenta em 35% a acurácia diagnóstica, quando utilizada em associação ao exame clínico.
São aqueles nevos presentes ao nascimento. Ocorrem em 1% dos neonatos e se caracterizam por lesões pigmentares de tamanhos variados, formato arredondado ou ovalado, de limites nítidos. Podem ter superfície lisa ou rugosa, apresentar pelos e sua coloração varia do marrom ao negro. Algumas vezes essas lesões podem atingir grandes extensões da pele, sendo denominados nevos congênitos gigantes.
Em alguns destes pacientes podem também ser identificados melanócitos nas meninges (membranas que recobrem o cérebro e a medula espinal). Isso ocorre porque os melanócitos têm a mesma origem embriológica que o sistema nervoso central. Como os indivíduos que apresentam nevos congênitos gigantes têm um número muito elevado de melanócitos, o risco de transformação maligna para melanoma é maior do que nos indivíduos em geral, podendo ocorrer tanto na pele quanto nas meninges.
O seguimento dos pacientes com nevos congênitos inclui exame dermatológico periódico com dermatoscopia das lesões. Os nevos que apresentarem alterações morfológicas suspeitas podem ser retirados cirurgicamente. Nos casos de nevos congênitos gigantes, como há um risco maior de malignização, pode ser indicada excisão cirúrgica parcelada ou técnicas cirúrgicas que utilizem aparelhos expansores de pele, retalhos ou enxertos. Geralmente, nesses indivíduos, os resultados estéticos são pouco satisfatórios.
São nevos melanocíticos com características clínicas e histológicas próprias, sendo marcadores de indivíduos com maior risco de desenvolvimento de melanoma. Clinicamente os nevos displásicos se diferenciam dos nevos melanocíticos comuns por serem mais numerosos, especialmente nas formas familiares, não sendo raro observarmos mais de 100 nevos em um mesmo indivíduo. Geralmente não estão presentes ao nascimento. Costumam surgir a partir da puberdade. Distribuem-se predominantemente no tórax, mas podem estar localizados nas nádegas, mamas, couro cabeludo, pernas, enfim, por todo o corpo.
Suas características morfológicas evidenciam bordas irregulares, pigmentação irregular e variável do marrom claro ao marrom escuro, até mesmo com tonalidades róseas. Apresentam limites mal definidos em relação à pele normal, de modo que a pigmentação desaparece gradativamente. Podem não ter relevo, mostrando-se como manchas na pele, ou apresentarem superfície granulosa. Muitas vezes, suas características clínicas lembram um ovo frito, com uma porção mais saliente e escura central e bordas mais claras na periferia. Histologicamente, esses nevos também apresentam características peculiares.
Os pacientes podem ter nevos displásicos de ocorrência esporádica ou familiar, nestes casos sendo de herança autossômica dominante. O melanoma pode surgir sobre um nevo displásico (sendo neste caso um precursor de melanoma) ou sobre a pele aparentemente normal (denomina-se nestes casos que o melanoma surgiu “de novo”). Os pacientes com nevos displásicos devem ser seguidos periodicamente com exame clínico e dermatoscopia com registro fotográfico (Mapeamento Corporal por Dermatoscopia Digital).
O exame não vai prevenir o surgimento de melanoma, mas permite realizar diagnósticos muito precoces, quando o melanoma ainda é curável. Quando houver suspeita clínica ou dermatoscópica de melanoma, o nevo deve ser retirado cirurgicamente e enviado para exame histopatológico. Com o registro fotográfico e seguimento dermatoscópico das lesões, não só há possibilidade de diagnóstico precoce de melanomas, como são evitadas cirurgias desnecessárias.
Alguns autores acreditam que a pitiríase rósea seja uma doença de etiologia viral, baseado em algumas características clínico-epidemiológicas da doença, como maior número de casos em determinadas épocas do ano (principalmente o outono) e relatos de surtos em locais de grande aglomeração como creches. Porém, até hoje não se confirmou esta teoria.
A doença tem resolução espontânea em 2 a 4 meses após o início dos sintomas e apenas raramente pode recorrer num mesmo paciente. Os pacientes não precisam se afastar das atividades diárias, pois a pitiríase rósea não é “considerada” contagiosa. Inicialmente, surge uma lesão primária, o “medalhão inicial” ou “placa mãe”, de forma ovalada, que mede cerca de 2 a 5 cm de tamanho, que precede por alguns dias o surgimento da erupção cutânea.
A erupção subsequente atinge principalmente o tronco e a raiz dos membros, sendo rara nas extremidades e na face. É formada por manchas ovaladas, de coloração rosada ou salmão e com descamação na parte interna das bordas (para-periférica). A intensidade e o número de lesões variam muito (de algumas poucas a inúmeras) e a distribuição das lesões no tronco segue a direção das costelas, adquirindo, com a coluna vertebral, um aspecto de árvore de natal. Geralmente não há sintomas importantes, podendo haver prurido (coceira) em alguns casos. São diagnósticos diferenciais: dermatofitoses (micoses), sífilis secundária, psoríase gutata e erupções medicamentosas.
A Pitiríase rósea cura-se espontaneamente, mas alguns tratamentos podem ser instituídos para abreviar a duração da doença ou minimizar os sintomas. O diagnóstico e o tratamento devem ser determinados pelo médico dermatologista.
Quelóide é uma cicatriz exagerada que surge por uma resposta cicatricial intensa do organismo, extrapolando os limites de um dano cutâneo ocasionado por ferimento, inflamação, queimadura ou incisão cirúrgica. É um distúrbio constitucional que afeta mais comumente indivíduos negros. Esse tipo de cicatriz ocorre mais frequentemente nos lóbulos da orelha, ombros, região peitoral e tronco superior, podendo ocorrer em qualquer região da pele.
Como as características da pele variam de uma região para outra, num mesmo indivíduo, um ferimento localizado na mão pode não evoluir com uma cicatriz queloidiana, enquanto no ombro, sim. Clinicamente, o queloide se apresenta como um tumor endurecido, rosado, pruriginoso (coceira), podendo ser doloroso, localizado num ferimento cirúrgico ou não. Pode ultrapassar os limites do ferimento.
É fundamental que o paciente, quando for submetido a um procedimento cirúrgico, sempre informe ao médico que apresenta história familiar e/ou pessoal de queloide. É impossível ao médico predizer que a cirurgia não formará queloide num paciente predisposto, contudo o profissional poderá tomar condutas que reduzam essa possibilidade. Existem diversas formas de tratamento para o queloide, com sucesso variável. Uso de placas de silicone, injeções de corticosteroides, fitas oclusivas de corticosteroides, cirurgias redutoras, beta terapia (radioterapia) e a crio cirurgia. A escolha do tratamento dependerá do local e tamanho do queloide.
Queratoses seborreicas são lesões acastanhadas que surgem predominantemente na face, pescoço e tronco de indivíduos adultos, sendo bastante comuns em pessoas idosas. Inicialmente são lesões planas, arredondadas ou ovaladas, que com o crescimento se tornam elevadas, adquirindo superfície rugosa e friável. O surgimento abrupto de um grande número de lesões pode ocorrer na gravidez e em pacientes com neoplasia visceral (sinal de Léser-Trelat). Dermatose papulosa nigra é forma clínica comum em negros, com múltiplas lesões pequenas na face e pescoço.
O tratamento não é obrigatório, pois são lesões benignas, mas pode ser feito por curetagem, eletrocoagulação e crioterapia com nitrogênio líquido. Como o aspecto clínico é semelhante a outras lesões cutâneas, como alguns tipos de câncer de pele, a avaliação do dermatologista é fundamental para o diagnóstico correto.
Verrugas são lesões que acometem a pele ou as mucosas, causadas por um vírus, o papiloma vírus humano ou HPV. São transmitidas pelo contato direto com pessoas contaminadas e as verrugas podem se disseminar pela pele através do contato das lesões com áreas não atingidas. As verrugas vulgares constituem a forma clínica mais comum, acometendo mais frequentemente crianças e adolescentes. As lesões são elevadas, ásperas, de coloração esbranquiçada, com pontos escuros na superfície.
As áreas mais atingidas são as mãos, cotovelos e joelhos. Quando localizadas na região periungueal, costumam ser muito resistentes ao tratamento. As verrugas plantares, popularmente conhecidas como olho de peixe, crescem para dentro da pele, pelo peso do corpo. São, muitas vezes, confundidas com calosidades; porém, quando raspadas, as lesões mostram pontos escuros no seu interior, o que as diferencia dos calos. As lesões maiores costumam ser dolorosas ao pisar.
O tratamento das verrugas pode ser realizado através da aplicação domiciliar de medicamentos prescritos pelo médico ou por procedimentos cirúrgicos: eletrocoagulação e curetagem, desbastamento e cauterização química (uso de substâncias cáusticas), crioterapia (congelamento com nitrogênio líquido).